Desafios do ensino na Era Digital
26 de agosto de 2010 Processocom
Por Graziela Bianchi
Dia após dia, somos surpreendidos por uma infinidade de avanços tecnológicos. Em certos aspectos, podemos dizer que esse é um movimento irreversível, e que de uma maneira ou outra, todos precisamos ao menos tentar a adaptação aos novos processos. Entretanto, nem todas as “transições” ou transformações ocorrem de uma maneira simplificada eou automática; em algumas áreas as mudanças podem ser mais lentas, mais complexas, e em certos aspectos, até mais conflituosas.
Reflito sobre essas questões a partir da experiência em sala de aula, ministrando disciplina nos cursos de Comunicação. Percebo que o ensino, de uma maneira geral, permanece desenvolvendo seus trabalhos a partir de “antigos” modelos, com dificuldades em efetivar uma transição, implementar mudanças. Não quero simplesmente sair em defesa de uma total ruptura na maneira de propagar e compartilhar os conhecimentos acadêmicos, no entanto, é preciso estar atento para as transformações, não é possível simplesmente negá-las, fingir que elas não estão acontecendo.
Cada vez mais, vamos nos deparar com estudantes que chegam ao ensino superior tendo já nascido e crescido em uma “lógica digital”. Computador, internet, telefone celular são elementos presentes de maneira naturalizada em suas vidas, desde sempre. E ainda que tenham recebido as primeiras noções de educação formal em modelos tradicionais de ensino, os elementos tecnológicos já se faziam presentes em seu dia-a-dia, desde a infância, seja em usos para o lazer, entretenimento, formas de sociabilidade de maneira geral.
Minha reflexão caminha no sentido de expor o questionamento, pois não tenho respostas prontas para a indagação de como trabalhar com o ensino de maneira que ele possa também conviver de maneira produtiva, com e nessas lógicas digitais. Nossos alunos já articulam suas formas de pensar de uma maneira multimídia. Som, imagem, textos, distintas possibilidades de expressão mediadas tecnologicamente e que são por eles articuladas de forma natural.
Nosso desafio é trabalhar com essas potencialidades a nosso favor, ou melhor, em favor do conhecimento, mas não sei se já descobrimos as maneiras para isso. E falo no plural porque acredito que essa experiência deva ser múltipla, certamente não existe uma receita a ser empregada. Creio que estamos vivenciando uma etapa de desenvolvimento social onde temos espaços para experimentações nos diferentes campos, também no ensino. Esse é um debate que não se esgota, mas que precisa ser colocado. Não é possível negarmos as mudanças, as que já aconteceram e as que ainda estão por vir. Precisamos levantar alternativas, e penso que o debate é o meio pelo qual podemos começar a realizar esse trabalho.