Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico

8 de julho de 2021 Processocom

Como um grupo de pesquisa, o dia de hoje simboliza nossos esforços na produção científica de forma especial. Em prol do desenvolvimento e promoção do conhecimento, nossos pesquisadores atuam na formação crítica e transformadora, visando a comunicação, cidadania, educação e integração de saberes. 

Em homenagem singela aos integrantes do PROCESSOCOM, convidamos alguns pesquisadores que fizeram e fazem parte desta história. Confira os depoimentos de cada um a seguir: 

Jiani Adriana Bonin: professora e pesquisadora da Unisinos, atua na linha de pesquisa Cultura, cidadania e tecnologias da comunicação. Realizou pós-doutorado junto ao Programa de Estudios en Comunicación y Ciudadanía, do Centro de Estudios Avanzados da Universidad Nacional de Córdoba (2009) e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (2001) (currículo lattes aqui).

NOTAS SOBRE A CIÊNCIA PELA QUAL LUTAMOS

[Estas notas registram ideários e práticas do Grupo de pesquisa Processocom – e são nutridas também por pensamentos de muitos autores e companheiros de jornada científica]

“A ciência que queremos

É a da práxis que se despiu da arrogância

De crer-se o único saber valioso

Para a compreensão do mundo

Que olha de frente seu passado, seus acertos e fracassos

E, sem se tornar refém da nostalgia aprisionante,

O utiliza para recriar o presente e desenhar o futuro

Que aposta na capacidade humana de revisão,

De superação e de invenção

A ciência que buscamos

É a que expurgou o fundamentalismo de mercado de suas práticas

A que se cansou do jogo performático e das vaidades

A que se questiona corajosamente em relação a quem e para que serve

E se assume como lugar de trabalho artesanal, inventivo,

De descoberta e de intervenção construtiva no mundo

Para o bem de todos os seres

A ciência que desejamos

É um espaço habitado e habitável,

Pela multiplicidade e multidimensionalidade humana

Sem desigualdades, diferenças, exclusões ou opressões

Onde os seres humanos podem ser genuinamente sujeitos

Realizando-se no ser e obrar com os outros

Na ciência pela qual lutamos

Sabedorias, culturas e habilidades diversas

Aceitam o desafio do encontro genuíno

Aquele capaz de provocar, desestabilizar, nutrir e irrigar

A práxis de espíritos e mãos em constante mobilização solidária

A ciência que almejamos

É aquela que recupera o sentido do bom, do belo e do sensível

Como parte de suas práticas cotidianas

É a que aceita como parte de seu fazer a luta pela criação de outros mundos possíveis

A que se coloca a serviço da, e potencializa a existência humana no mundo

E que redescobre, promove e cuida da vida

Em todas as suas dimensões, facetas e formas”.

São Leopoldo, 24 de junho de 2012

Ricardo de Jesus Machado: jornalista, mestre em Comunicação e especialista em Filosofia pela Unisinos. Atualmente é doutorando em Cultura e Significação na UFRGS. Desde 2013 é jornalista do Instituto Humanitas Unisinos (IHU). É editor do site antropofagia.com.br (currículo lattes aqui).

“Fazer pesquisa é (ou deveria ser), antes de tudo, um ato de coragem epistêmica e, por isso mesmo, política. Fazer pesquisa no Brasil oferece ainda outros desafios, especialmente no momento atual de profundo ataque à ciência, concernentes às desigualdades estruturais de raça, gênero e origem social. O mais difícil, mas não menos importante, talvez seja fazer convergir conhecimentos e saberes capazes de construir um chão comum entre o mundo da ciência e da sabedoria popular. Fazer pesquisa no mundo de hoje, implica testar possibilidades de verdades pragmáticas cujas origens remetem a mundos distintos, não raros antagônicos. É saber ouvir a sabedoria xamânica e estar atento aos dados geológicos sobre o aquecimento global. É produzir e se valer de um exercício de escuta profunda entre os muitos mundos que habitam o mundo. 

Isso passa, por mais desafiadora que a tarefa seja, por abandonarmos o discurso de autoridade científica, mas não negando a ciência, senão fazendo de outros espaços e sabedorias um saber que, por meio de suas próprias metodologias, possam convergir a construção de verdades que possam ser verificáveis por diferentes formas de compreender e explicar o mundo. Fazer pesquisa é ao menos reconhecer (afinal compreender é outra história) a complexidade de viver em mundo cheio de mundos possíveis.”

Paulo Júnior Melo da Luz: doutorando em Ciências da Comunicação no Programa de Pós-graduação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (PPGCOM-Unisinos), inserido na linha de pesquisa Cultura, Cidadania e Tecnologias da Comunicação (currículo lattes aqui).

“Pesquisar é parte da minha trajetória e da minha constituição enquanto sujeito. Antes de ingressar na universidade, eu já tinha a curiosidade, queria entender os “porquês” das situações. Acho que foi essa característica, junto com minha atitude “metódica” para analisar as coisas, que fez com que eu me apaixonasse pela ideia de ser pesquisador.

A iniciação científica, o contato com pesquisadores e pesquisadoras, e a possibilidade de formar um grupo afetuoso dentro da academia me tornaram, efetivamente, um pesquisador (iniciante, mas já almejando uma carreira). Mesmo que vinculemos o trabalho de uma pesquisadora ou um pesquisador ao ambiente acadêmico, a verdade é que eu me constitui a partir dos afetos que extrapolaram esse espaço.

A acolhida, a construção de conhecimento a partir do coletivo, a vontade de aprender COM outres foi algo indispensável para me tornar sujeito da ciência. Fui formado a partir do diálogo com epistemologias vivas e coletivas, metodologias próprias e valorização dos saberes múltiplos. Isso refletiu no meu trabalho de conclusão de curso, na minha dissertação e agora, com ainda mais força, na tese de doutorado.

A pesquisa busca transformar uma realidade, é uma mudança que começa em nós, mas age em todes. Isso é algo que quero levar adiante, dentro dos espaços que eu ocupar e com as pessoas com quem eu tiver oportunidade de trocar conhecimentos: nós nos construímos a partir de uma ciência viva, por isso é fundamental que o afeto esteja presente. Afeto é presença, cria solidariedade e esperança. Quem pesquisa tem a oportunidade de criar espaços melhores com o auxílio da ciência”.

#pesquisa#Processocom

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