Debate de candidatos ao governo do Estado revela despreparo de (alguns) participantes
6 de setembro de 2018 Júnior Melo da Luz

Crédito Rodrigo W Blum/Divulgação Unisinos
Wesley Pelissari
Em outubro os brasileiros e brasileiras vão às urnas para eleger novos representantes. Os cenários políticos, sociais e econômicos do País indicam que o próximo pleito será decisivo para a história. Em agosto quatro candidatos ao governo do Estado estiveram na Unisinos, em um debate que marcou o segundo dia da calourada do DCE 2018/2.
O debate entre Eduardo Leite (PSDB), Roberto Robaina (PSOL), Jairo Jorge (PDT) e Mateus Bandeira (NOVO) contou com três rodadas e uma rodada de encerramento e considerações finais. Na primeira rodada os candidatos se apresentaram. Na segunda foram feitas perguntas e respostas. Já a terceira rodada contou com perguntas do público que não poderiam ser direcionadas especificamente a um candidato, e por fim 3 minutos de considerações finais para cada um dos participantes.
PSDB
O Primeiro candidato a se apresentar foi Eduardo Leite do PSDB, que contou sobre sua trajetória e experiência como prefeito de Pelotas, sobre as muitas demandas da cidade e os poucos recursos disponíveis. Eduardo se mostrou contra as reeleições, por não concordar com as negociações de dentro do gabinete, alegando que isso acarreta em negociatas ilegais, promessas e uso indevido de dinheiro público. Sobre suas primeiras medidas enquanto governador, se eleito, Eduardo disse que pretende apontar caminhos e novas direções através de uma reestruturação fiscal; desenvolvimento; redução de burocracia; e incrementação de receitas sem aumentar impostos (não nos contou como); educação; segurança pública; competitividade; infraestrutura; e se mostrou a favor das privatizações.
PSOL
O candidato do PSOL é Roberto Robaina, que falou sobre seus mais de 20 anos como militante do PT, discorreu sobre junho de 2013 com certo entusiasmo, falando também sobre as mobilizações de massas e a crise de representação assim como criticou bastante as oligarquias. Basicamente ele se limitou a atacar seus adversários, criticar o sistema vigente e a velha política.
PDT
Jairo Jorge é o Candidato do PDT, jornalista, prefeito reeleito em canoas, tendo uma aprovação no fim do mandato de 77%. Já foi Pró-Reitor Ulbra e secretário executivo do ministério da educação. Jairo se posicionou sobre a CAPES, dizendo ser totalmente a favor do incentivo a pesquisa cientifica e de sua importância para o desenvolvimento do estado. Também relatou que durante a campanha já visitou todas as cidades do estado ouvindo as necessidades da população e que sua missão é fazer o Rio Grande do Sul voltar a ser grande. Entre seus projetos e ações se eleito, Jairo destacou: Acabar com a burocracia; e reduzir a carga tributária (ICMS);
Ele citou sua administração em Canoas, onde conseguiu diminuir o prazo de licitações e diminuir em um terço a carga tributária, com uma arrecadação final de 104% a mais que no mandato anterior.
Jairo aproveitando bem os seus cinco minutos se posicionou contra privatizações (citadas pelos candidatos do PSDB e partido NOVO), inclusive dizendo ser a favor da criação de um fundo em educação com o Banrisul (alvo em determinado momento das privatizações, junto com a CEE e Sul Gás). O candidato enfatizou também que nos setores públicos deve haver sempre o diálogo e respeito e que as políticas educacionais são sim importantíssimas.
NOVO
Mateus Bandeira é o candidato do partido NOVO, trabalhou sempre com tecnologia da informação e deixou claro que a política não é sua profissão. Foi por muitos anos auditor fiscal concursado pelo estado, já geriu a secretaria de contas no governo Yeda, presidiu o Banco do Estado do RS, possuindo um grande currículo administrativo, segundo ele mesmo. Mateus se colocou como alternativa à renovação política; propôs uma menor intervenção do estado; e Desenvolvimento da indústria; assim como Eduardo Leite, se colocou favorável as privatizações, alegando má administração estatal.
Perguntas
Eduardo (PSDB) perguntou para Jairo (PDT) sua opinião a respeito das privatizações, da CEE e da Sulgás.
Jairo em resposta, se pôs a favor do estado funcionar, diminuindo determinadas burocracias e citou o governo Brito como um exemplo de que privatizações nem sempre são o melhor caminho. Disse também ser a favor da vitalização da CEE e da soberania Estatal, onde o estado deve se impor, somente onde é necessário. O candidato também enfatizou que em seu governo não haverá pauta alguma de privatização.
Jairo, discorreu sobre a violência, crime organizado e projetos sociais e perguntou para Roberto (PSOL) quais eram suas propostas para os temas.
Em resposta Roberto, usou o caso de Mariele Franco como introdução, citando a perda direta que o partido sentiu com o crime e de como as investigações estão apontando as milícias como responsáveis. O candidato comentou que, no que compete a segurança só há solução se for a nível nacional, porém não entrou em detalhes. Criticou um pouco a guerra e combate as drogas, dizendo que não há mais um porque real dessa guerra e que a iniciativa a anos não vem dando resultados.
Mateus (NOVO) dizendo ser a favor da privatização, criticou a administração do PSDB sobre a CEE pedindo a opinião do candidato Eduardo (PSDB), a respeito.
Eduardo falou sobre o déficit na CEE, alegando ser herança histórica de outros governos, inclusive saiu em defesa do atual governado do estado, José Ivo Sartori, citando que o mesmo, teria diminui alguns dados alarmantes, mesmo não tendo tornado os cofres da CEE positivos.
Mateus em replica criticou o candidato do PSDB que enquanto membro do governo foi a favor de tirar a pauta da consulta popular sobre a privatização da CEE, demonstrando incoerência na sua proposta.
Roberto (PSOL) contextualizou sua pergunta falando sobre a iniciativa do seu partido na investigação contra o governo Yeda e o escândalo da corrupção no Detran-RS no mesmo período. Falado disso, ele perguntou sobre como foi traumática a experiência do candidato do Mateus (NOVO) nesse governo.
Em resposta Mateus alegou que sempre foi técnico, no momento em que pertencia o governo, nunca foi um político, mas sim um profissional da área, trabalhando com dados, números e eficiência. Sua administração foi num momento ruim do governo e mesmo assim foi possível renegociar as dívidas.
Em replica Roberto voltou a falar da corrupção e deixou claro sua preocupação com a linha de pensamento privatizador.
Perguntas do público.
O que cada um fez? (Em sorteio a pergunta caiu para Eduardo Leite)
Eduardo disse que segurança pública deve ser primeiramente preventiva e ter como última instância a reabilitação/reclusão. Comentou sobre a integração entre as políticas públicas, e sobre o armamento da polícia municipal, dizendo ser a favor. Citou o policiamento comunitário, implementado em Pelotas e criticou o domínio das facções criminosas dentro dos presídios.
Pergunta do público sobre educação, para Jairo Jorge.
Jairo comentou sobre muitos alunos serem aprovados, mesmo sem terem as competências necessárias. Citou um dado (não disse a fonte) no qual a cada 100 jovens apenas 17 possuem proficiência em matemática. Criticou as infraestruturas escolares pôr em algumas escolas não possuir acesso à internet, não ter quadras de esporte muito menos biblioteca. Comentou sobre o caminho do desenvolvimento ser alicerçado na educação, ciência e tecnologia. Disse que precisamos fazer a segunda revolução educacional, construindo um novo plano através do diálogo e respeito.
Pergunta sobre a lei de assédio na rua. Pergunta para o NOVO.
Candidato disse não estar ciente da lei e pediu para trocar de pergunta, houve uma certa inquietação da plateia que entendeu que a pergunta se limitava ao tema assédio. Candidato acabou perdendo a postura e o público entrou em estado eufórico. Trocaram a pergunta, porém, o candidato novamente fugiu e se limitou a falar do que lhe interessava. Mateus mostrou não saber lidar com a divergência de ideias e opiniões.
Qual a proposta para que os gastos sejam menores que a arrecadação? Pergunta do público para o PSOL.
Roberto falou da sonegação fiscal por parte de grandes empresários e novamente atacou as oligarquias.
4° Rodada
A 4° rodada foi um momento de agradecimento pelo convite, pelo debate gerado e considerações finais de cada candidato.