O Brasil, a África e o Atlântico Negro no século XIX

15 de maio de 2018 Júnior Melo da Luz

Helânia Thomazine Porto

A obra “Um Rio Chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África” trata dos contextos econômicos e políticos do século XIX, frente às relações entre Brasil e o Atlântico Negro, em resposta às ideologias preconceituosas do historiador Hugh Redwald Trevor-Roper de Oxford (Reino Unido), que afirmara que “não havia uma história da África, mas tão-somente a história dos europeus no continente africano, pois no resto do mundo o que havia era escuridão, e a escuridão não era matéria da história”. Tal fato provou em Costa e Silva uma indignação pelo ultrajo, e tendo como um dos propósitos a refutação àquela hipótese, dedicou-se, a partir de então, ao estudo das histórias e das culturas de diversas nações africanas.

Nesse sentido, o referido autor, focaliza na obra as rotas marítimas estabelecidas no oceano Atlântico, no século XIX, a partir do comércio escravocrata, da proibição do comércio pelos Ingleses; para enfim, abordar as intenções do imperialismo europeu, especificamente dos britânicos, que almejavam a ampliação de seus domínios, tanto territoriais quanto de poder sobre as vidas humanas, utilizando como explicação a teoria darwinista.

É observado também que o século XIX foi o período em que o Reino Unido buscou transformar oceano Atlântico em um mar britânico, especificamente na segunda década do século XIX. O Reino Unido, após longos anos de encorajamento do tráfico negreiro, passou a criticá-lo e condená-lo, dando início a uma política de proibição de mão-de-obra africana na produção açucareira do Brasil, pois esta oferecia preços mais baixos do que as produções das Antilhas britânicas. Protegidos por um falso “sentimento altruísta”, os ingleses realizaram campanhas de proibição do comércio de escravos, e por meio da Convenção de 1826, que atingira, sobretudo, a soberania do Brasil, pois tal convenção dava aos navios ingleses o direito de visitas aos barcos brasileiros, permitindo ainda o aprisionamento daqueles que se dedicassem ao tráfico.

Os novos “donos” do Atlântico tinham como intenção o domínio e o controle da África, assim, a partir de 1885, o Reino Unido estrutura um projeto de liderança mercantilista, assumindo posições estratégicas nas costas do continente africano, utilizando-se de “suposta” defesa de Declaração de Direito Humanos. O projeto ultramarino inglês, como os demais, buscava fortalecer o comércio e inviabilizar a entrada de navios de outros países na costa africana. As reflexões presentes na obra reforçam a proposição de que a ocupação da África pelas potências europeias não objetivou a destruição do comércio escravistas, conforme defesa dos ingleses naquela época, pois tinham como metas a ruptura de antigas e fortes relações comerciais entre nações africanas e o Brasil.

#Brasil no século XIX#Continente Africano#Relações Étnico-Raciais

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