Percursos críticos para pensar a investigação em Comunicação
3 de outubro de 2017 Processocom
Leila Sousa
Estudante de doutorado – PPGCC Unisinos
Que tipo de pesquisa estamos realizando? De onde parte o nosso olhar e como afetamos e somos afetados pelos sujeitos que nos atravessam? Quais os caminhos necessários para trabalhar a descolonização dos conhecimentos? Como trabalhar perspectivas críticas em nossas investigações científicas possibilitando um olhar transformador aos cidadãos de práxis que nos circundam? Essas foram algumas das perguntas que nos atravessaram durante o II Colóquio Internacional de Investigação Crítica em Comunicação, realizado nos dias 28 e 29 de setembro, no Laboratório de Pesquisa Avançada em Comunicação e Informação – Labtics, da Unisinos.
As experiências de pesquisa descritas por pesquisadores de diversos países e também de diferentes regiões brasileiras, nos permitiram o debate de perspectivas, caminhos, trilhas, obstáculos e problematizações necessários para o avanço e amadurecimento de olhares e posturas nas investigações críticas em comunicação. Os relatos de pesquisas puderam ser ampliados num debate que tratou, sobretudo, da importância de rupturas para pensar alternativas aos estudos da comunicação e às narrativas de meios de comunicação hegemônicos e excludentes. As falas também nos fizeram refletir sobre o papel da Universidade como ambiente crítico que deve estar aberto às desconstruções de lógicas excludentes, conservadorismos e a quebra de poderes impositivos e naturalizados.
Assim, as práticas jornalísticas foram postas em debate no intuito de desconstruir discursos que marginalizam e segregam boa parte da população e que legitimam a erradicação de diferenças. Dessa forma, fora destacado em diversas mesas, o papel dos sujeitos e da sociedade civil na organização coletiva de frentes que reivindicam espaços democráticos de comunicação para o exercício heterogêneo de vozes, bem como na luta pela necessária reformulação de conteúdos jornalísticos, fugindo de silenciamentos, homogeneizações e repetições redutoras das demandas cotidianas.
O II Colóquio Internacional de Investigação Crítica em Comunicação foi um encontro problematizador e reflexivo sobre metodologias, experiências, usos teóricos e propostas transformadoras para pensar rupturas necessárias no campo da comunicação, como também para buscar a abertura a novos diálogos, procedimentos flexíveis e aos diversos saberes. Foram dias intensos onde as vertentes de pensamento crítico latino-americano puderam ser confrontadas e aproximadas ao pensamento crítico mundial, levantando a necessidade de observar a constituição das pesquisas e do conhecimento a partir de uma ecologia de procedimentos, saberes e vivências comunicacionais.