Estratégias de internacionalização

19 de maio de 2016 Processocom

Laura Martins

internet-das-coisas01A convergência digital muda a forma como nos relacionamos e interagimos com novos conteúdos e elegemos prioridades ao consumir esses materiais. Não somos mais espectadores passivos e estáticos. Somos participantes e usuários junto com o mercado de trabalho, com a televisão, com o cinema, com as marcas e suas formas de comunicação. O que o público quer é opinar e participar, se sentir integrado ao conteúdo transmitido. E as estratégias utilizadas pelas indústrias de mídia no ambiente de convergência digital influenciam esse movimento. A segmentação está em potencial como forma de consumo no mercado audiovisual, vencendo barreiras culturais.

No último capítulo do livro Cultura da Conexão, de Henry Jenkins, várias questões são abordadas e contextualizadas em relação à propagação de diversos conteúdos de forma transnacional. Produtores e criadores de marcas decidem utilizar meios de comunicação mais participativos e também meios informais de circulação. Contudo, o objetivo final de muitos desses produtores ainda é a difusão de conteúdo em mídias de massa, com grande recebimento do público. Conteúdo de mídia de massa continua sendo o que se espalha para mais longe possível, de forma mais ampla e da maneira mais rápida.

A cultura ligada em rede é facilmente acessível para aqueles que desejam propagar conteúdo. Esta mescla de culturas diversas como forma de conteúdo empodera, enriquece.

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De que forma a propagabilidade pode incrementar a diversidade cultural com os fluxos culturais transnacionais? Para responder essa pergunta, uso as palavras de Jenkins (2014) quando ele escreve: “(…) que as práticas de mídia propagável estão expandindo pontos de contato entre países. À medida que fazem isso, eles criam uma mistura e uma associação inesperada de materiais culturais, o que permite multiplicar os pontos de entrada nessas mitologias compostas”. (JENKINS, 2014, p.319).

Cultura popular participativa e o conteúdo transnacional já fazem parte do imaginário coletivo, com todo o pertencimento que, a partir do momento que há compartilhamentos de produções de outros países e etnias com outras fronteiras, conhecidas ou não, se agrega valor. Segundo Andres (2016):

O audiovisual é uma das instâncias onde a cultura popular pode se materializar enquanto produto industrial, tornando-se um exímio expoente na promoção de estereótipos para os mercados internacionais onde consegue penetrar. Um produto audiovisual, quando conquista êxito internacional, pode ser capaz de promover valores espirituais, estilos musicais inexistentes na nação consumidora, pode fomentar o turismo de localidades desconhecidas, interferir na arquitetura e no modelo de transportes (mobilidade), despertar o interesse pela gastronomia de determinada região, assim como promover festividades populares, modelos educacionais e até mesmo erguer discussões sobre sistemas econômicos e estruturas políticas, construindo um imaginário coletivo sobre a nação onde foi produzido. (ANDRES, 2016, p.02)

3441-2007-09-25-17-11-43_1Em relação ao conceito de ganho simbólico, o exemplo do longa-metragem brasileiro Tropa de Elite, lançado em 2007, pode ser citado, pois, segundo a hipótese de Jost, “o consumo adquire status de experiência que não se limita a mera soma de códigos, mas ao oferecimento de uma experiência nostálgica, ou seja, ao consumo de códigos previamente conhecidos e familiares” (JOST, 2012, p. 25). O raciocínio de Jost pressupõe que são particularidades locais, regionais, nacionais que, vinculadas às nossas raízes, conquistam as atenções em um produto de raiz cultural homogênea, se tratando de séries voltadas para o grande público.

Ainda sobre o filme Tropa de Elite, é um exemplo de êxito na pirataria, além de ter sido também a produção de maior sucesso comercial da história. Segundo o IBOPE, estima-se que 11,5 milhões de pessoas assistiram ao filme. Explica-se o porquê do sucesso também na pirataria, pois houve um vazamento do material da produção do longa e em dois meses após o lançamento, chegou ao público de maneira informal cópias que alcançaram o número de mais de 13 milhões de pessoas assistindo ilegalmente e cerca de 5 milhões da forma legal. Isso é a formalização da informalização. Segundo Nitin Govil (2007,p.79), “na prática, a pirataria pode ajudar a abrir mercados ao experimentar formas e fluxos alternativos de conteúdo e sua distribuição com múltiplas audiências e maior visibilidade cultural.”

 

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