La Pampanini: uma musa dos anos 50 no cinema noir italiano
17 de maio de 2016 Processocom
Alexandre Augusti
Este texto pretende rememorar Silvana Pampanini, reconhecida como uma das mais belas atrizes italianas dos anos 50. A atriz, que também trabalhou como diretora, nasceu em Roma, em 25 de setembro de 1925, e morreu aos 90 anos também na capital italiana, no dia 6 de janeiro deste ano.
A beleza da jovem fez com que chegasse ao segundo lugar no Miss Itália em 1946. Mas não apenas isso: a posição por ela obtida provocou a revolta do público e a consequente opção do júri em dividir a coroa. La Pampanini foi uma das protagonistas dos filmes italianos dos anos 50, tendo trabalhado com grandes nomes do cinema italiano, como Totò, Marcello Mastroianni, Vittorio Gassman, Alberto Sordi, Vittorio de Sica e muitos outros. Um dos filmes mais famosos em que participou é conhecido por ser um dos marcos do cinema noir italiano: Cidade da Perdição (Processo alla città, 1952), dirigido por Luigi Zampa.
Nesse filme, ela interpretou a prostituta Liliana Ferrara, que canta a música que funciona como elemento-chave para solucionar o mistério do filme. Conforme o professor e autor italiano Luigi Frezza, o filme Processo alla città tem a vantagem de ser a grande primeira representação da corrupção na cidade de Nápoles, decorrente das forças insidiosas e sutis da Camorra, fazendo referência livre à Camorra do início de 1900. “É um amargo filme de denúncia sobre a obscura política napolitana, muito convincente e dramático […] capaz de competir com a qualidade do grande cinema político e policial americano.” (FREZZA, [s. d.], [s. p.] – tradução minha)[1]. Conforme Frezza, é um perfeito filme noir. A história é sobre um investigador que precisa descobrir os responsáveis de um crime, através da escuta de uma música chamada Traição. As motivações do crime estão condensadas na letra dessa música. Ao final, descobre-se que o assassino não somente é o chefe da Camorra na cidade, mas também o autor da canção. Frezza defende que o filme de Zampa é um ponto de virada na representação visual e cantada da cultura napolitana. Salienta que, em torno da metade dos anos 50, a música não pode mais se fundir com a imagem da tela de cinema para descrever um acontecimento melancólico, o olhar de dor ou sofrimento dos napolitanos aflitos por viverem sob a injustiça da lei. Frezza sustenta que este filme apresenta uma orientação particular, para a qual o conjunto canção-tela assume a descoberta de um escândalo sobre o mal-estar obscuro de uma cidade onde a violência impede qualquer horizonte de esperança.
A presença impactante de La Pampanini e a excelente direção de Zampa sustentam Cidade da Perdição como um dos grandes filmes do noir clássico italiano.
[1] FREZZA, Luigi. Lacreme Napolitane. [S.l., s.n., s.d.].