A poesia de Gabriela Mistral

30 de abril de 2016 Processocom

A chilena Gabriela Mistral foi ganhadora do Prêmio Nacional de Literatura do Chile em 1951. Também foi a primeira mulher latino-americana a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1945. Os temas centrais de seus poemas falam sobre o amor, o amor de mãe e sobre as suas memórias pessoais dolorosas de mágoa e recuperação.  Além de poeta, também foi professora, educadora, diplomata e feminista chilena. Os seus poemas mais conhecidos são “Desolación”, “Besos”, “Caricia”, “Canción amarga”, “Piececitos” e “Dame la mano”, algumas de suas obras fundamentais.

Frases de Gabriela Mistral

“Lo que el alma hace por su cuerpo, es lo que el hombre hace por su pueblo.” – Gabriela Mistral, em ‘epitafio’

“Vim de um labirinto de colinas e alguma coisa desse nó fica em tudo o que faço, seja verso, seja prosa.” – Gabriela Mistral, em “Antologia poética Gabriela Mistral”

Alguns poemas

portada

CHUVA LENTA

(Tradução de Ruth Sylvia de Miranda Salles)

Esta água medrosa e triste,

como criança que padece,

antes de tocar a tierra,

desfalece.

Quietos a árvore e o vento,

e no silêncio estupendo,

este fino pranto amargo,

vertendo!

Todo o céu é um coração

aberto em agro tormento.

Não chove: é um sangrar longo

e lento.

Dentro das casas, os homens

não sentem esta amargura,

este envio de água triste

da altura;

este longo e fatigante

descer de água vencida,

por sobre a terra que jaz

transida.

Em baixando a água inerte,

calada como eu suponho

que sejam os vultos leves

de um sonho.

Chove… e como chacal lento

a noite espreita na serra.

Que irá surgir na sombra

da Terra?

Dormireis, quando lá foram

sofrendo, esta água inerte

e letal, irmã da Morte

se verte?

DÁ-ME TUA MÃO

(Tradução de Ruth Sylvia de Miranda Salles)

Dá-me tua mão, e dançaremos;

dá-me tua mão e me amarás.

Como uma só flor nós seremos,

como uma flora, e nada mais.

O mesmo verso cantaremos,

no mesmo passo bailarás.

Como uma espiga ondularemos,

como uma espiga, e nada mais.

Chamas-te Rosa e eu Esperança;

Porém teu nome esquecerás,

Porque seremos uma dança

sobre a colina, e nada mais.

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