Ainda a TV aberta
18 de julho de 2014 Processocom
Era domingo à noite e eu, como tantos espectadores, acompanhava o reality show Superstar, da Globo, enquanto comentava o programa no Twitter. Em meio à torcida pelas bandas, um tweet de um amigo moderninho e descolado saltou-me aos olhos: “Gente, vocês ainda veem TV aberta?”.

Parte da graça do Superstar está em acompanhar os tweets sobre o programa (Foto: Camila Serejo/TV Globo)
A pergunta do guri tinha razão de existir. Realmente, os canais por assinatura, os downloads (legais ou não) e os serviços por demanda tipo Netflix diversificaram as formas de se consumir conteúdo televisivo.
Por outro lado, a fala carregava pelo menos duas questões. A primeira é a carga pejorativa associada à TV aberta, como se os programas desses canais fossem inferiores a outras produções. Faltou lembrar que muitos seriados americanos – que os moderninhos adoram – passam na TV aberta de lá (e algumas das nossas séries não devem nada a aquelas). Sem contar que as mancadas de programas ao vivo, as entrevistas em talk shows, os comerciais engraçadinhos e tantos outros vídeos que viralizam pela rede existem, justamente, por causa da televisão de massa.
O segundo ponto é que, mesmo com as diferentes plataformas, a TV aberta ainda tem sua importância. Fato é que existe o fenômeno da segunda tela: com seus computadores, smartphones ou tablets em mãos, o público assiste a eventos televisionados e os comenta em tempo real nos sites de redes sociais. Facebook e Twitter tornam-se uma comunidade unida pelo jogo da Copa, pela cerimônia do Oscar ou pelo último capítulo da novela. Outros tempos, outras tecnologias, mas a mesma lógica agregadora de sempre.
É claro que os índices de audiência não são mais os mesmos. Globo, Record e afins tentam alcançar os espectadores onde quer que estejam – com seus canais por assinatura, com aplicativos para aparelhos móveis e com conteúdo online. Ainda assim, é na TV aberta que está o seu forte. É a ela que as pessoas recorrem quando querem se informar e se divertir, mas, também, quando querem sentir-se parte de algo maior.