Redes Sociais, interação e subjetividades em discussão

16 de abril de 2013 Processocom

Tamires Coêlho

O Seminário de Interação Mediada por computador começou nesta segunda-feira (15/04/13) em Porto Alegre e está reunindo pesquisadores de vários lugares do Brasil para discutir questões ligadas à comunicação, às novas interfaces e aos novos objetos de pesquisa em emergência numa sociedade cada vez mais interconectada. Durante a conferência de abertura, os participantes do seminário contaram com palestras dos pesquisadores Alex Primo (docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Lúcia Santaella (professora titular no programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUCSP).

Alex Primo fez uma análise crítica sobre os estudos da interação mediada por computador nos últimos anos e ressaltou aspectos como a relação entre fãs e a indústria artístico-cultural na web 2.0, o jornalismo participativo na internet, as formas de resistência e de ativismo na rede, as novas mídias alternativas, a incorporação das propagandas na nossa rotina virtual, a cultura de convergência e as mídias sociais. O pesquisador enfatizou a necessidade de observar e questionar o social, a massa, os afetos, os padrões e as interações, revendo conceitos constantemente. “Estudar interações é estudar o ‘entre’”, mencionou o professor, explicando que o estudo da produção e da recepção são tão importantes quanto o estudo das interações.

A palestra de Lúcia Santaella, denominada “Construções Intersubjetivas nas redes sociais digitais”, focou não somente nas conexões online permitidas pelos dispositivos móveis, mas também nas profundas mudanças no psiquismo, na cognição e no comportamento dos sujeitos atualmente. A pesquisadora destacou o realce extraordinário dado às redes sociais e os perfis das redes como extensões dos indivíduos, como integrantes das identidades e com a funcionalidade de estandartes que os representam.

Santaella explicou que os intercâmbios são cada vez mais finos e ricos e as relações nas redes sociais – ambientes de convivência instantânea entre pessoas – são efêmeras e evanescentes, de forma que as relações mais fortes ainda estão no mundo presencial. Hoje, as redes se materializaram de forma a emergir uma noção de dispositivo que nos ajuda a pensar os campos de força. A pesquisadora defendeu, durante sua palestra, que os sujeitos não podem ter preconceito com as tecnologias e que não há como pesquisar as redes sem estar inserido nelas.

“A identidade humana é, por natureza, múltipla […] Ficou muito mais difícil lidar com a subjetividade agora do que antes”, ressaltou a pesquisadora da PUCSP. Para ela, o papel do professor também tem que ser reconfigurado diante desse novo contexto, no qual há meios de “infotenimento” e leitores ubíquos.

Alguns integrantes do Processocom assistiram às conferências de abertura do seminário – que acontece até quarta-feira (17/04) na Faculdade de Biblioteconomia e comunicação da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Tamires Coêlho, membro do Processocom, apresentou um trabalho nesta segunda-feira que abordou o tema de sua dissertação, intitulado “Digital e Presencial em Intersecção: Um estudo de recepção sobre a comunidade CS POA (Couchsurfing em Porto Alegre-RS)”. Durante sua apresentação, foram discutidos dados da pesquisa exploratória e a articulação do estudo de uma comunidade virtual aos conceitos de identidade e cidadania, bem como a necessidade de uma construção metodológica adequada a cada objeto de pesquisa.

É possível encontrar mais informações sobre o evento e assistir às palestras ao vivo através do site http://www.ufrgs.br/simc2013.

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