Meus dias em Paris
1 de outubro de 2012 Processocom
Dafne Pedroso*
Em 1º de março de 2012, desembarquei em Paris. Era o início dos quatros meses que passaria naquela cidade para realizar o estágio de doutorado, também conhecido como Doutorado Sanduíche (PDSE), importante programa de mobilidade estudantil financiado pela CAPES. Vivi muitas coisas durante esses 120 dias e aqui faço um breve relato.
Morei na Cité Internationale Universitaire de Paris (CIUP), local onde há casas que abrigam estudantes das mais diversas nacionalidades. Entre as residências, está a Maison du Brésil, linda e colorida, com seu projeto arquitetônico assinado por Lúcio Costa e por Le Corbusier. Nunca vou me esquecer do meu quarto: 311, porta amarela.
A riqueza da experiência já começa em conviver com estudantes que estão produzindo suas pesquisas, cada um de um canto do Brasil ou do mundo, partilhando um cotidiano cheio de desafios, angústias e novidades.
Estudei no IRCAV – Institut de Recherche sur le Cinèma etl’Audiovisuel (Paris III – Sorbonne Nouvelle), sob coorientação do Prof. Dr. Laurent Creton. Desenvolvi meu projeto relacionado a produções e exibições de filmes em pequenos municípios. Foi um privilégio ter a orientação do Prof. Creton, participar dos seminários, eventos, palestras no IRCAV e em outros institutos de pesquisas.
Em sala de aula, éramos diversos alunos: chineses, iranianos, italianos, turcos, brasileiros, belgas, japoneses, franceses, e segue a lista. Compreender o outro, com seus sotaques, semelhanças e diferenças, apresentando trabalhos sobre o contexto cinematográfico dos seus países, foi um aprendizado e uma inspiração para futuras cooperações acadêmicas.
Meu caderno de anotações era preenchido com muitas ideias para a tese, sugestões de livros e de filmes que ia descobrindo. As frases anotadas eram uma mistura de português com francês, indicando que as mudanças já estavam acontecendo.
O tempo era curto e precisei adaptar-me rapidamente para aproveitar o que Paris me oferecia. Bibliotecas, livrarias, museus, cinematecas, cinemas, teatros, parques, cafés. Cada dia trazia uma experiência nova, assim como sensações de estranhamento, de insegurança e de saudade. As instabilidades também fazem parte do processo e é importante saber lidar com elas.
Quem deseja e tem condições de ficar um tempo longe do Brasil não pode perder essa chance. Sejam quatro meses, seja um ano. Viver em outro país é transformador. Eu recomendo.
*Dafne Pedroso é aluna de doutorado do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social – PUCRS. Bolsista CNPq, ela integra os grupos GEISC/PUCRS e PROCESSOCOM.
**Créditos: Rodrigo Oliveira