Experiência reflexiva
5 de agosto de 2011 Processocom
por Taís Flores da Motta
No último semestre, tive a oportunidade de ser avaliadora em algumas bancas de trabalhos de conclusão de curso da graduação em Comunicação. Essa experiência, além de ser desafiadora, fez-me refletir sobre o processo de pesquisa que há pouco tempo vivi de forma tão intensa no mestrado. Estar do outro lado, como avaliadora, foi interessante, pois, a cada parágrafo que lia, buscava entender o trajeto trilhado e as escolhas desses pesquisadores. Em alguns casos, pude perceber a ousadia de questionar o que está posto por autores e a tentativa de articulação com o empírico de forma fascinante. Entretanto, grande parte do que vi me fez refletir sobre o ensino da pesquisa na graduação.Os alunos parecem seguir uma receita de bolo.
Metodologia, então, acaba sendo a parte mais deprimente do trabalho. Todos dizem fazer o mesmo tipo de pesquisa, mas na verdade nem ao menos entendem o conceito que copiam sempre do mesmo autor. É uma sequencia de aplicações das teorias à realidade, inserindo conceitos e percepções em gavetas, como se pesquisar fosse simplesmente procurar no objeto algo que prove o que os autores colocam nos livros.
Desta experiência, surgiram vários questionamentos. Por que exigir que os alunos façam capítulos teóricos imensos, se a pesquisa empírica está totalmente descolada? São blocos inteiros de frases copiadas de autores e, no fim, uma pobre descrição de perguntas feitas sem muita preocupação por e-mail. Mas o que se aprende sobre pesquisa na graduação? O que devemos esperar desses trabalhos? Como avaliar essas pesquisas? São dúvidas inquietantes, que me fizeram refletir sobre a árdua tarefa de avaliar o trabalho realizado – realizado com esforço, reconheço, mas nem sempre com a consciência do que é fazer pesquisa.