Transmetodologia na Compós

21 de junho de 2011 Processocom

Por Nísia Rosário

O XX Congresso da Compós (Associação Nacional dos Programas de Pós Graduação em Comunicação) realizado na UFRGS, em Porto Alegre, foi muito positivo, rendeu uma série de discussões interessantes para o campo da comunicação.  O Processocom participou em peso. Nossa colega Lisiane Aguiar apresentou seu trabalho no GT de Epistemologia da Comunicação, dia 16/06. É o primeiro ano que o GT se abre para a participação de mestrandos e mestres. Foi também o ano  em que o GT mais recebeu trabalhos; estudiosos reconhecidos na área da comunicação como Ciro Marcondes Filho, Lucrécia Ferrara, José Luiz Braga, Laan Mendes de Barros, Francisco Rüdiger também apresentaram suas pesquisas.

O trabalho de Lisiane fez uma abordagem sobre a transmetodologia, temática estudada e desenvolvida por Efendy Maldonado. Entre as propostas desse estudo está a de gerar uma reflexão profunda sobre o método e a metodologia, o que efetivamente se visibilizou durante a apresentação do trabalho no GT. A fala de Lisiane pontuou que a transmetodologia exige uma reconfiguração epistêmica que ultrapasse, principalmente, a divisão artificial entre a dimensão teórica da dimensão metodológica. Para isso, a pesquisa deve ser construída e aprofundada, fundamentalmente, em três vias: da contextualização do problema/objeto situando-os nos seus múltiplos contextos; da pesquisa empírica como recurso metodológico; e, da práxis teórica como meio de trabalhar com os conceitos de forma crítica e renovadora.

A práxis não é vista simplesmente como prática, mas como processo de pensamento em ação. Uma ação consciente que não incorpora apenas um valor, mas lógicas diversas. O método não é adotado a partir de um saber centralizador, mas constituído a partir de cada etapa que a pesquisa exige.
“É importante recordar que a constituição do campo da comunicação é tão recente como incipiente e, com isso, muitos pesquisadores, buscando desvendar o que é o campo da comunicação, passaram a legitimar os estudos que poderiam ou não ser mantidos, a fim de que o campo ganhasse cientificidade” explica Lisiane. Esse interesse crítico pela história social e intelectual do próprio campo em determinar o que fica ou o que é banido resultou em uma controvérsia sobre o grande número de teorias. Ela observa, ainda que ao não encontrar um paradigma universal do campo comunicacional, aceitou-se outro, o do pluralismo teórico. Porém, quando pensamos em um pluralismo metodológico ainda encontramos muitas dificuldades em transcender os modelos metodológicos prontos ou de seu uso apenas como ferramentas.

O que pareceu bastante evidente na manhã do dia 16 é que a comunicação ainda não opera sobre um consenso no que diz respeito a conceitos e usos de método e metodologia. Precisamos continuar o debate.

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