Onde estão os Laurentinos e Dráuzios da comunicação?
10 de novembro de 2010 Processocom
Por Taís Seibt
Autor dos livros 1808 e 1822, o jornalista Laurentino Gomes disse, em palestra na Unisinos, que faz o filtro entre a linguagem técnica do historiador e o senso comum, como Dráuzio Varela faz com a medicina. Fiquei me perguntando: quem faria isso com a comunicação?
No 2º Encontro Discente da Rede Amlat, realizada na Unisinos no final de outubro, comentávamos a dificuldade de explicar “o que fazemos” na pesquisa. Quando se fala em pesquisa as primeiras imagens que as pessoas relacionam não variam muito de microscópios, tubos de ensaio, laboratórios, no máximo estatísticas e documentos antigos com folhas amareladas.
Há um ano e meio na iniciação científica, ainda não consegui fazer minha mãe entender o que venho fazer na Unisinos todas as tardes. Meu TCC, então? Uma dificuldade para que ela compreenda por que me exige tanta dedicação – e tantos finais de semana sem ir visitá-la na Serra.
Falávamos, também no encontro, que a pior pergunta a um pesquisador iniciante, como nós, é “sobre o quê é tua pesquisa”. Ou nos enrolamos para responder e tecemos quase uma tese inteira até situar o assunto, ou simplificamos o trabalho de modo quase pejorativo. Um colega outro dia comentou comigo que chegou ao cúmulo do reducionismo e responde à pergunta cretina com uma palavra das mais genéricas: “internet”.
O contraditório é que na faculdade de jornalismo somos treinados para fazer o trabalho de Laurentino e Dráuzio, mas somos incompetentes para fazê-lo em nossa própria área. Enquanto pesquisadores em comunicação, somos ótimos jornalistas!
Mas é preciso encontrar maneiras de tornar acessível o que fazemos na academia, levar ao senso comum a dimensão da relevância de nossos estudos em comunicação, de forma didática e aprazível, como fazem Laurentino, Dráuzio e tantos outros em diferentes áreas. Eis o desafio (mais um nessa jornada acadêmica). Procura-se Laurentinos e Dráuzios para a comunicação!