O pseudo intelectual burocrata¹
26 de outubro de 2009 Processocom
Jiani Bonin
O pseudo-intelectual burocrata finge que tem inteligência e alma
E acredita no que finge.
Veste a roupagem pseudo-erudita da língua
Orna a palavra de ocas retóricas
Tempera-as com emoção calculada – ainda que pregue a sua banição
E persuade os desavisados!
E enquanto o mundo urge de entendimento,
O pseudo intelectual burocrata dispende vigorosa energia crendo (?) inventar a roda,
quer convencer a todos da sua glamorosa invenção. E pasmem! Convence os desavisados!
Afia zelosamente seus parcos e gastos instrumentos – que acredita preciosos e aos quais tem doentio e devocional apego
Esquadrinha e calcula e zelosamente irrelevante – que ele crê de grande importância
Inventa esquemas mirabolantes
E produz efeitos de cientificidade, pasmem, aceitos sem mais pelos desavisados!
O pseudo-intelectual burocrata
Vende sua alma alegremente aos poderes instituídos
Veste a camisa dos projetos vãos
E quase chega a convencer a si mesmo que o que faz é nobre e construtivo
E pasmem! Convence os desavisados!
O que o pseudo intelectual burocrata não sabe (ou finge não saber? Ou não suporta ver?)
É que olhos argutos o sondam – olhos avisados, olhos genuinamente curiosos (olhos perigosos, pensaria ele)
E enxergam com nitidez seus contornos
Percebem sua natureza lacunar
Seu apego higiênico e patológico à dita ordem das coisas
Sua fobia ao desconhecido
Sua real hipocrisia
O que ele mais teme, o mísero pseudo-intelectual burocrata,
É ver revelados os seus empreendimentos vazios
E ruídas as ocas estruturas que os sustentam
Isso ele não pode suportar. Isso ele não tolerará!