Estudo inédito – Adolescentes com deficiência não se consideram retratados na Mídia de três países latino-americanos
21 de fevereiro de 2008 Processocom
Imagem: Divulgação
Garotas e garotos com deficiência pouco se reconhecem na programação de tevê, nos jornais e nas revistas. É o que revela o estudo “Mais Janela que Espelho: a percepção dos adolescentes com deficiência sobre os meios de comunicação na Argentina, no Brasil e no Paraguai”, lançado hoje (11/02) pela ANDI, Rede ANDI América Latina e Save the Children Suécia.
A pesquisa ouviu 67 adolescentes, a maioria na faixa dos 11 a 13 anos, com deficiência, de diferentes classes sociais, em três países latino-americanos – Brasil, Argentina e Paraguai – divididos em oito grupos focais nas cidades de São Paulo, Salvador, Buenos Aires e Assunção. A maioria esmagadora deles não se recordou de nenhuma notícia ou personagem televisivo que abordavam essa condição. “Apenas depois de diretamente questionados eles lembravam de algo e falavam no assunto”, conta Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI e do estudo.
Quando estimulados, os adolescentes brasileiros se lembraram de mais personagens do que os argentinos e os paraguaios. Isso se deve, especialmente, a ações de merchandising social que incluem pessoas com deficiência nas telenovelas (especialmente as da Rede Globo), em histórias em quadrinhos e programas infantis. Personagens como os cegos Flor e Jatobá, da novela América (rede Globo), Clarinha, que tinha Síndrome de Down na novela Páginas da Vida (também da rede Globo) ou o cadeirante Luca, da Turma da Mônica criada por Maurício de Souza, foram mencionados pelos meninos e meninas.
Além de lembrar personagens criados para abordar a questão, o grupo brasileiro se identificou com o que era mostrado na telinha ou no papel. E não foi uma identificação negativa. “Os adolescentes não demonstraram autopiedade. Essas ações têm um impacto muito interessante”, explica Canela. Clara por exemplo, foi considerada ‘legal’, ‘bonita’, ‘mais desenvolvida’. A identificação com a personagem foi tanta que uma participante da pesquisa chegou a dizer que “Clara era igual a mim”.